domingo, 7 de dezembro de 2008

Existe um cérebro masculino?

Queres saber o que é uma “caixa de nada” ou “uma grande bola de fios”?
Vale a pena ver o vídeo, 10 minutos hilariantes!




Apesar do tom brincalhão, cada vez mais os cientistas falam das diferenças entre os cérebros masculino e feminino.

Simon Baron-Cohen, citado por Goleman, fala dessas diferenças entre os cérebros, e apoiado em testes por ele desenvolvidos (Empathizing Test e Systemizing Test), pretende determinar que tipo de cérebro a pessoa tem.

Descobre os quocientes de empatia e de sistematização em:
1. Empathizing Test – http://eqsq.com/eq_test.php
2. Systemizing Test – http://eqsq.com/sq_test.php

Os cérebros podem ser classificados do seguinte modo:
Cérebro E (Empatia) – Orienta-se pelas questões: Como é que o outro se sente? Como tratá-lo com atenção e sensibilidade?
Cérebro S (Sistematização) – Orienta-se pelas questões: Como é que as coisas funcionam? O que é que controla o sistema?
Cérebro B (Balanced/Equilibrado) – Forte tanto em empatia como em sistematização.

Cada pessoa tem um tipo de cérebro, mas mais mulheres têm o cérebro “E” e mais homens têm o cérebro “S”.
Todos nós podemos testemunhar isto. Podes confirmar, basta distribuir o M (Mulher) e o H (Homem) pelas afirmações:

Quem é que vemos frequentemente a confortar os outros?
Quem é mais agressivo?
Quem é mais sensível às expressões e olhares dos outros?
Quem pressente e descodifica rapidamente a comunicação não-verbal?
Quem é indiferente à presença dos outros?
Quem julga mais facilmente o carácter de alguém?
Quem, mais distraído, descuida o contacto visual?

Achamos que o exercício dispensa a correcção.

Se o tempo, a cultura e a socialização desempenham um papel importante na formação do cérebro masculino (forte em sistemas) e do feminino (forte em empatia), os estudos mostram que a biologia também determina muito.

Mas quais as diferenças entre os cérebros?

Cérebro MasculinoCérebro Feminino
Desenvolvimento mais lentoDesenvolvimento normal
AssimétricoSimétrico
Resolve problemas com um dos hemisférios (o direito tem mais conexões internas do que ligações com o hesmisfério esquerdo)Resolve problemas apoiada nos dois hemisférios (tem mais conexões entre os eles)
É mais susceptível a danos cerebrais causados ao cérebro, o que pode explicar o grande número de rapazes com dificuldades de aprendizagem e autismorecupera dos danos cerebrais mais facilmente que o homem porque activa novos caminhos entre os dois hemisférios
Dificuldade na expressão de sentimentos e na resolução de problemas por meio da introspecçãoFacilidade de expressão de sentimentos e na resolução pela introspecção

Nos extremos temos cérebros hiper-femininos e hiper-masculinos.

Mas, como é um cérebro hiper-masculino?
É a lógica masculina levada ao extremo, um exagero do perfil masculino.
É ter dificuldade com a empatia e um baixo coeficiente da compreensão dos sentimentos dos outros.
É ter um interesse muito forte e obsessivo de como funciona um sistema.
É o autismo com todas as suas variantes (como Asperger), bem como o exemplo de Temple Grandin.

Quem é Temple Grandin? (Cap. 9)

Goleman fala neste capítulo de Temple Grandin, que foi diagnosticada como autista quando era ainda criança.
O autor traça o pefil de Temple como uma jovem que usava sempre as mesmas frases em todas as conversas, o que lhe valeu a alcunha de “risco riscado”. Também diz que ela se mostrava sempre muito ansiosa e hipersensível.

Numa breve pesquisa, encontramos Temple Grandin na internet.
Vê o vídeo e observa atentamente Temple. O que é que o comportamento, o discurso e a postura dela te sugerem?


Difícil, não?
Talvez o olhar de Temple tenha a “fuga” que tanto caracteriza o olhar de autistas, ou então a sua postura mais inibida e pouco à vontade revele ansiedade. No entanto, vemos desenvoltura na linguagem e a acontecer a relação e a comunicação com os outros.

O que vemos é resultado de um caminho próprio apoiado nos momentos certos pelos outros. É neste sentido que Goleman introduz o exemplo de Temple.

Num discurso na primeira pessoa, Temple fala do seu passado como autista.
Estavam lá as dificuldades na fala, de andar em linha recta, de sincronizar o seu ritmo com o das outras pessoas, de entrar nas conversas e seguir os seus fluxos (pelas dificuldades na fala e em moderar os estímulos auditivos). Mantinha, também, sempre uma postura curva e não olhava as pessoas nos olhos.
Hoje, Temple Grandin é uma mulher bem sucedida, não só como especialista em comportamento animal, mas também como escritora, relatando nos seus livros a sua aventura com o autismo, e ultrapassando em muito as barreiras impostas pela síndrome.


O que fez com que Temple Grandin fosse bem sucedida?

A busca do estímulo da compressão. Sentia-se ansiosa de receber um estímulo de compressão e partiu para a construção da máquina que proporcionava uma pressão confortante sobre grandes áreas do corpo e, assim, aprendeu a aceitar a sensação de ser abraçada e não continuar a fugir ao contacto. A falta de empatia dos autistas, segundo Temple, prende-se com a falta dos estímulos agradáveis do tacto. Se isto não acontecer, dificilmente um autista poderá ser capaz de dar amor a outro ser humano.

Aprender a direccionar as fixações. É importante canalizar as fixações o que ajuda a construir carreiras profissionais. Assim aconteceu com Temple. O médico queria substituir a máquina de compressão por um medicamento, mas o professor de ciências de Temple encorajou-a a ler artigos científicos para justificar o efeito positivo da máquina. Assim foi, e com isto Temple iniciou a sua carreira.

A importância de mentores. A mãe de Temple e o professor de ciências foram peças importantes. O acompanhamento de um professor imaginativo, pronto a desafiar a criança, e que a ajude a potenciar os dons e a minimizar as deficiências é decisivo para o seu sucesso. As pessoas que ajudaram mais Temple foram as mentes mais criativas e as menos convencionais.

Das três chaves para abrir a imensa porta que as barreiras do autismo vedam, o material de que são feitas é o mesmo. A necessidade de conseguir o contacto físico agradável com os outros. Encontrar uma forma de ser útil aos outros e justificar a existência. A importância dos outros para ultrapassar as dificuldades.

Tomando o exemplo de Temple, parece que “os rudimentos básicos da interacção têm de ser aprendidos à força”, como diz Goleman, “se é que chegam a ser aprendidos.” (Goleman, 209)

Goleman concluiu que “Temple Grandin tem talvez aquilo a que Baron-Cohen chamaria um cérebro masculino.” (?) (Goleman, 209)