domingo, 7 de dezembro de 2008

Quem é Temple Grandin? (Cap. 9)

Goleman fala neste capítulo de Temple Grandin, que foi diagnosticada como autista quando era ainda criança.
O autor traça o pefil de Temple como uma jovem que usava sempre as mesmas frases em todas as conversas, o que lhe valeu a alcunha de “risco riscado”. Também diz que ela se mostrava sempre muito ansiosa e hipersensível.

Numa breve pesquisa, encontramos Temple Grandin na internet.
Vê o vídeo e observa atentamente Temple. O que é que o comportamento, o discurso e a postura dela te sugerem?


Difícil, não?
Talvez o olhar de Temple tenha a “fuga” que tanto caracteriza o olhar de autistas, ou então a sua postura mais inibida e pouco à vontade revele ansiedade. No entanto, vemos desenvoltura na linguagem e a acontecer a relação e a comunicação com os outros.

O que vemos é resultado de um caminho próprio apoiado nos momentos certos pelos outros. É neste sentido que Goleman introduz o exemplo de Temple.

Num discurso na primeira pessoa, Temple fala do seu passado como autista.
Estavam lá as dificuldades na fala, de andar em linha recta, de sincronizar o seu ritmo com o das outras pessoas, de entrar nas conversas e seguir os seus fluxos (pelas dificuldades na fala e em moderar os estímulos auditivos). Mantinha, também, sempre uma postura curva e não olhava as pessoas nos olhos.
Hoje, Temple Grandin é uma mulher bem sucedida, não só como especialista em comportamento animal, mas também como escritora, relatando nos seus livros a sua aventura com o autismo, e ultrapassando em muito as barreiras impostas pela síndrome.


O que fez com que Temple Grandin fosse bem sucedida?

A busca do estímulo da compressão. Sentia-se ansiosa de receber um estímulo de compressão e partiu para a construção da máquina que proporcionava uma pressão confortante sobre grandes áreas do corpo e, assim, aprendeu a aceitar a sensação de ser abraçada e não continuar a fugir ao contacto. A falta de empatia dos autistas, segundo Temple, prende-se com a falta dos estímulos agradáveis do tacto. Se isto não acontecer, dificilmente um autista poderá ser capaz de dar amor a outro ser humano.

Aprender a direccionar as fixações. É importante canalizar as fixações o que ajuda a construir carreiras profissionais. Assim aconteceu com Temple. O médico queria substituir a máquina de compressão por um medicamento, mas o professor de ciências de Temple encorajou-a a ler artigos científicos para justificar o efeito positivo da máquina. Assim foi, e com isto Temple iniciou a sua carreira.

A importância de mentores. A mãe de Temple e o professor de ciências foram peças importantes. O acompanhamento de um professor imaginativo, pronto a desafiar a criança, e que a ajude a potenciar os dons e a minimizar as deficiências é decisivo para o seu sucesso. As pessoas que ajudaram mais Temple foram as mentes mais criativas e as menos convencionais.

Das três chaves para abrir a imensa porta que as barreiras do autismo vedam, o material de que são feitas é o mesmo. A necessidade de conseguir o contacto físico agradável com os outros. Encontrar uma forma de ser útil aos outros e justificar a existência. A importância dos outros para ultrapassar as dificuldades.

Tomando o exemplo de Temple, parece que “os rudimentos básicos da interacção têm de ser aprendidos à força”, como diz Goleman, “se é que chegam a ser aprendidos.” (Goleman, 209)

Goleman concluiu que “Temple Grandin tem talvez aquilo a que Baron-Cohen chamaria um cérebro masculino.” (?) (Goleman, 209)

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