sexta-feira, 23 de outubro de 2009

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Tenho a certeza que um vendedor de bíblias não faz tanto dinheiro com a Bíblia como Saramago. "Bendito livro", diz-nos lá no seu íntimo o escritor.

1 comentário:

O Micróbio II disse...

Toma lá um comentário do João Braga, esse fadista da nossa praça e fedorento sportinguista, sobre esse "animal" do saramago:

"De uma maneira ou de outra Deus falou com Abraão, Ismael, Isaac, Jacob, David e Moisés. Todas estas falas estão relatadas na Bíblia, no Antigo Testamento. Mais tarde, com a vinda de Deus à Terra, incarnado em Jesus de Nazaré, desemaranhou-se um quanto do Antigo Testamento, originando o Novo, para mais tarde Maomé se anunciar como outro dos homens a quem Deus falara e, não sem uma ponta de vaidade, como o último profeta do Deus de Abraão.

O que Deus não mandou dizer pelo anjo Gabriel ao bom do Maomé foi que muitos anos depois do encontro na caverna do Monte Hira nasceria, em 1922, um iluminado que desmontaria aquela e outras Suas palestras e daria novas esperanças, nova razões ao mundo, para que os homens não mais se matassem uns aos outros: a vida espiritual não existia, nem nesta nem noutra dimensão, aquela coisa do crime e castigo era uma treta inventada por um revisionista encharcado em vodka, para já não falar da nulidade que representavam os exemplos da Madre Teresa e de Francisco de Assis, entre uma multidão de imbecis seus pares.

Em suma: da leitura do novo livro de José Saramago pode concluir-se que se alguém lhe apetecer satanizar a Bíblia esteja a blasfemar muito mais contra o judaísmo ou o maometismo do que os cristianismos ou o catolicismo. Mais: José, no seu imenso e incontrolável egocentrismo, deve indignar-se por Deus falar com toda aquela gente e não falar com ele, que até foi galardoado com um Nobel, coisa de que outros não se podem gabar.

A verdade é que eu já andava desconfiado da seriedade intelectual do ex-subdirector de o DN desde que ele garantiu na “Visão” que a ETA nunca foi uma organização marxista, mas sim fascista ou quando contou aquela delirante história de ter visto Jesus Cristo numa montra de uma livraria em Sevilha a pedir-lhe para ele escrever aquela do Evangelho. O homem só pensa nele e não lhe ocorre que pode dizer o que diz porque o seu Criador o criou livre, de tal modo que até lhe é consentido negar a Sua existência. Já alguém imaginou o que seria de nós se Deus fosse como o nobelizado ancião? Tudo direitinho, tudo a crer nele, sem dúvidas, uma existência robotizada, só com certezas e verdades absolutas, enfim, o paraíso. Uma ova, o para riso!

O que já me tira a vontade de rir é quando me assalta a memória certo editorial que ele assinou no “Diário de Notícias, em Março de 1975, ex-aequo com Mário Ventura Henriques, que Deus o tenha, intitulado “Banho de Sangue”, em que era pedido o que vinha em título “para que a revolução se cumprisse”.

Terá sido então que começou o enredo para mais esta obra de Saramago, cuja desumanidade o catapultou da paupérrima aldeia ribatejana da Azinhaga para as montanhas vermelhas da chiquíssima ilha espanhola de Lanzarote. E não foi certamente por acaso que ele escolheu o nome de Caim para titular o livro — o nome do primeiro assassino conhecido."